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Bahia mistura pilates com dança 'afro'



Em uma sala com esteiras espalhadas pelo chão, oito mulheres e dois homens se deitam e começam a massagear os próprios pés.

Não fosse a presença de músicos com tambores, timbaus, flautas, chocalhos e berimbau, pareceria uma sessão de mat pilates (os mesmos exercícios do método, mas sem uso de aparelhos).

Todos os sábados, a alemã Stephanie Bangoura, 39, reúne gente no Ciranda Café, em Salvador, para uma aula de afropilates, modalidade que ela inventou.
Dançarina com formação em pilates e girokinesis (técnica que mescla elementos de ioga, natação, tai chi e dança, criada pelo romeno Juliu Horvath), ela está no Brasil há quatro anos, depois de ter vivido em países da África e também em Paris e Nova York. "Morei nas capitais das artes africanas contemporâneas, mas só em Salvador me senti em casa", diz.
Na aula, Stephanie mistura o sistema de exercícios criado na Primeira Guerra pelo alemão Joseph Pilates (1880-1967) com movimentos repetitivos da dança africana.
"Começamos no solo, com práticas para fortalecer a pélvis. Depois, vamos dançar", conta, explicando que os movimentos cíclicos que acompanham os toques do tambor, na dança, também exigem bastante dessa musculatura trabalhada no pilates.
A música segue a evolução da aula. Nos primeiros 40 minutos, prevalecem os exercícios de solo e o som suave. A coisa esquenta, a aula flui para uma roda de dança. Os tambores fervem. A percussão é feita pelos baianos Giba Conceição e Gabi Guedes e o senegalês Doudou Rose.
"O som ao vivo é a alma da coisa. Não podemos praticar dança africana com música mecânica. Os músicos também se envolvem e dão energia à aula", diz Stephanie.
Quase duas horas de atividades depois, os alunos saem para beber água. E ainda voltam para se alongar.
"É puxado, precisei sair para descansar. A aula trabalha o corpo inteiro", disse o diretor teatral inglês Patrick Campbell, 32, que experimentava a modalidade pela primeira vez. Cansou, mas gostou da mistura: "Tanto o pilates como a dança valorizam a contração do centro do corpo."
A professora diz que o afropilates equivale a um aeróbio intenso, já que, na segunda parte da aula, os alunos dançam por quase uma hora, movimentando tudo, até o pescoço (a cabeça é muito usada na dança "afro"). Segundo ela, qualquer um pode entrar na roda, até crianças e pessoas que nunca dançaram na vida.

PEDRO LEAL FONSECA
FONTE: Folha.com

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