Ginástica da moda está conquistando adeptos entre os pequenos.
Entenda os benefícios e os riscos da prática
A estudante paulistana Laura duarte, de 9 anos, cansou de só assistir à mãe se pendurando em aparelhos esquisitos de Pilates, uma modalidade de ginástica criada na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial e que virou febre nos últimos anos. Os praticantes ficam suspensos em equipamentos que mais parecem de tortura e se equilibram em bolas de ginástica para fortalecer os músculos abdominais e das costas. O objetivo principal é evitar problemas de coluna. “Eu ficava vendo e tinha vontade de fazer. Um dia me convidaram para participar, e eu adorei”, diz. A mãe de Laura, a consultora de marketing Valquíria Duarte, de 45 anos, diz que o Pilates aumentou a concentração da filha. “Como ela precisa ficar quietinha para fazer os exercícios, aprendeu a se concentrar em outras atividades”, afirma Valquíria. “Na escola, ela passou a conversar menos durante as aulas, ficou mais disciplinada e atenta às regras.”
Laura faz parte de uma nova geração de alunos nos estúdios de Pilates. A prática, até há pouco restrita ao mundo dos adultos, chegou ao universo infantil. O estúdio Biotipo Pilates, em São Paulo, onde Laura e sua mãe fazem aulas, tinha apenas um aluno infantil em 2009. Hoje, conta com três turmas de pequenos praticantes.
“Percebemos que há cada vez mais profissionais interessados em atender esse público”, diz Cristina Abrami, vice-presidente da Aliança Brasileira de Pilates, associação que congrega professores da modalidade e oferecerá em outubro um dos primeiros cursos no Brasil para formar instrutores interessados em dar aulas para crianças no ensino fundamental.
O principal motivo que leva os pais a inscrever os filhos nas aulas é prevenir ou tratar problemas de postura. Eles são comuns na fase em que as crianças estão desenvolvendo a musculatura. Também é nesse período que elas passam cada vez mais tempo sentadas estudando, jogando videogame ou conversando com os amigos pelo computador. A estudante Ester Aranha, de 8 anos, queixava-se de dor nas costas antes de começar a fazer aulas de Pilates. “As mochilas das crianças hoje em dia têm um peso absurdo né?”, diz Anderson Aranha, pai de Ester. “Desde que ela começou, a postura dela melhorou muito.”
A prática desenvolve equilíbrio, alongamento e tonificação muscular. E parece entreter mais as crianças do que outras modalidades focadas na reeducação postural, como o RPG. Este costuma ser realizado em sessões individuais, sem a diversão de ter um amiguinho por perto na hora de fazer os exercícios.
Apesar dos benefícios do Pilates, os pais devem ficar atentos aos possíveis riscos que exercícios inadequados à faixa etária podem trazer. Os profissionais só indicam a modalidade para crianças com mais de 6 anos. E, ainda sim, desde que alguns cuidados sejam levados em conta. “A criança ainda não tem os ossos, músculos e ligamentos totalmente desenvolvidos e, por isso, corre mais riscos de sofrer lesões do que os adultos”, diz o educador físico Julio Cerca Serrão, da Universidade de São Paulo. “O Pilates envolve movimentos muito instáveis, o que obriga a fazer contrações musculares muito intensas, para as quais as crianças não estão preparadas.”
Para evitar problemas, os exercícios passam por adaptações. Na prática para adultos, as séries se alternam entre alongamento e fortalecimento muscular. Nas aulas para crianças, o foco são os exercícios de alongamento. “Como os ossos e as articulações estão em processo de formação, não podem ser sobrecarregados por movimentos que exijam muita contração dos músculos”, diz a instrutora Carina Nery Subires, que dá aulas para crianças há dois anos. As repetições também são menores – para poupar esforço e garantir que os pequenos não percam a atenção, o que prejudica a qualidade da execução (e aumenta o risco de lesões). Nos movimentos mais leves, como alongamento da coluna, as repetições chegam a dez vezes. Nos mais delicados, como os feitos no trapézio, não passam de três.
Outro desafio é explicar com precisão às crianças como executar os movimentos. “Não adianta tentar explicar falando de osso, articulação, que as crianças não vão entender”, diz Carina. É preciso recorrer a figuras que elas conheçam. Alongar a coluna vira imitar o gato fugindo da água. Esticar o pescoço, para alongar a região cervical, é imitar a girafa. Vale tudo para ser didático. Entre uma brincadeira e outra, as crianças ainda ganham consciência do próprio corpo.
FONTE: Portal Educação Fisica Por Teresa Perosa